SALVADOR Macondzo, 51 anos de idade, é o inovador eleito para a rubrica desta semana. Seu mérito tem a ver com uma invenção que data de 1994 que consistiu na adaptação de uma bengala para condutores com deficiência nos membros inferiores.
Inspirado na deficiência de um amigo seu que, querendo, não tinha capacidade de conduzir. De 1994 a esta parte o entrevistado do Notícias diz que já adaptou mais de 60 viaturas.
Desenhador gráfico de formação e serralheiro, Macondzo diz que o desenho é a génese de tudo o que ele já fez até agora pois, a partir dele consegue exteriorizar e planear soluções para várias necessidades.
Seus clientes são referidos por indivíduos que estando na situação de deficiência, conseguiram, graças à sua técnica, ultrapassar a barreira da dependência na condução. Conta que de três em três meses há quem apareça a solicitar seus préstimos e é disso que vem sustentando a sua família.
Para além de adaptar os veículos, encarrega-se pela sua manutenção e para tal trabalha com uns dos seus filhos.
Ele adapta igualmente triciclos, motorizadas e cadeiras de roda, não só na componente de motor como também improvisa mais espaços para a colocação dos haveres do utente.
Explicou que o seu trabalho é, às vezes, visto com algum cepticismo por uns mas, seguidamente, aplaudido por aqueles que se espantam ao ver um deficiente que chega em sua casa de canadianas ou cadeira de rodas mas que, tempos depois vêem-no a conduzir.
Para além de adaptar carros instrui os clientes pois, está devidamente credenciado para o efeito. Por isso, está a preparar-se para abrir uma escola que possa abranger mais pessoas pois acredita que há muita gente com deficiência física que desejaria ser autónoma na condução.
Nesta sua aventura de inventor, Salvador Macondzo fala de alguns episódios embaraçosos, sobretudo no que diz respeito a certos tipos de deficiência física.
“Apareceu-me aqui acompanhado um cidadão (que pela ética prefiro omitir o nome), com pernas amputadas e dedos das mãos também. Restou-me o desafio de tentar e, hoje, sinto-me satisfeito pois consegui satisfazer a sua necessidade e até hoje ele conduz”, conta.
Máquina de descasque da castanha
A par das bengalas auto-ortopédicas, a fonte criou maquinetas de descasque da castanha de caju, invenção que já lhe valeu uma revelação na Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
A sua projecção na mais antiga universidade do país foi graças a um seu vizinho que na altura era estudante. Por conhecer as suas faculdades colocou a hipótese de ele ser capaz de fabricar a máquina que na altura a universidade precisava e assim aconteceu.
“Tenho a sorte de tudo quanto invento resultar”, disse com alguma satisfação.
Afirmou que além de fabricar um engenho de descasque que cortava a castanha de forma longitudinal, foi desafiado a inventar uma outra e com sucesso, para o descasque da castanha inteira.
Lamenta o facto de o produto da sua inovação não ser massificada, com a intervenção de potenciais impulsionadores pois ele, só tem a técnica de criar e não a capacidade de fabricar em série.
Ciente das vantagens que as maquinetas de processar a castanha de caju têm, lamenta a não massificação e arrisca a dizer que as máquinas podiam garantir o rendimento em muitas famílias principalmente das que estão localizadas em regiões que são referência na produção da amêndoa.
Segundo explicou é uma máquina de fácil manuseamento tal como exigia a UEM. Ela pode ser utilizada por indivíduos de todas as idades entre idosos, mulheres, homens e crianças.
A fonte não se conforma com a sua técnica nesta área. Já tem ideia de melhorar a máquina tornando-a mecanizada, de forma a deixar de ser dependente da força humana.
Fonte: Jornal noticias
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