segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Mais dois membros da Renamo mortos a tiros no norte de Moçambique



Dois membros do maior partido da oposição em Moçambique, a Renamo, foram assassinados à queima-roupa, na terça-feira (18), no distrito de Ribáuè, província de Nampula, por pessoas supostamente desconhecidas e que se puseram o fresco. Com este homicídio, já são quatro vítimas da mesma formação política em menos de um mês, o que sugere tratar-se de uma razia política contra a oposição.

Uma das vítimas é Flor Armando, de 45 anos de idade, delegado político distrital em Ribáuè e membro da Assembleia Provincial de Nampula. O outro finado chamava-se Zeca António Lavieque, de com 25 anos, confirmou ao @Verdade António Muchanga, porta-voz do partido.

Clever Tachiua, médico-chefe de Ribáuè, disse a jornalistas que os exames médicos detectaram nos malogrados lesões causados por disparos de armas de fogo. Aliás, um das vítimas apresentavas pelo menos 10 escoriações nos membros superiores e inferiores, no tórax, na cabeça e na abdómen.

Os dois faziam-se transportar numa motorizada e regressavam de Iapala, um dos três posto administrativo de Ribáuè, onde iam assinalar, a 17 de Outubro em curso, a passagem do 37º aniversário da morte em combate, em 1979, do herói da sua formação política, André Matsangaíssa.

O homicídio deu-se na Estrada Nacional número 13 (EN13), nas imediações do rio Matharia, e os presumíveis assassinos, que alegadamente seguiam o mesmo trajecto com as vítimas, faziam-se transportar numa viatura cuja chapa de matrícula não foi registada.

Recentes assassinatos de membros da Renamo

A 22 de Setembro passado, um outro membro da Assembleia Provincial (AP) de Tete e delegado político distrital da Renamo, identificado pelo nome de Armindo António Ncuche, de 55 anos de idade, foi também morto a tiros, por indivíduos ainda desconhecidos.

O assassinato aconteceu por volta das 13h30, na vila de Moatize. O finado estava a caminho de casa, após o término da quarta sessão daquele órgão que fiscaliza, controla o governo provincial e o aprova o seu programa. Volvido quase um mês, nada se sabe sobre o crime ocorrido duas semanas depois de gente desconhecida também ter tentado, em Quelimane, descarregar balas contra Ivone Soares, chefe da abancada parlamentar deste partido e sobrinha do seu líder, Afonso Dhlakama.

A 08 de Outubro corrente, Jeremias Pondeca, membro do Conselho de Estado, eleito pela Assembleia da República (AR) em representação da Renamo, e membro da Comissão Mista do Diálogo Político, foi baleado mortalmente por indivíduos não identificados, em plena manhã, na cidade de Maputo.

Sobre este homicídio, das poucas coisas que as autoridades policiais sabem dizer é que os disparos foram efectuados por uma arma de fogo do tipo AK47. As investigações continuam”, disse Inácio Dina, porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM).

Perseguidos pelo partido no poder

Enquanto os assassinatos não cessam, o diálogo político prossegue sem avanços relevantes. A Frelimo e a “Perdiz” acirram cada vez mais a rivalidade e o ódio um pelo outro, com este último a tentar, por via armada e sob o manto da descentralização, forçar o Executivo a inclui-lo na governação do país.

Ivone Soares disse, na quarta-feira (19), durante a abertura da IV sessão ordinária da VIII legislatura da AR, que enquanto os dois partidos negoceiam, “O Governo e o partido que o apoia, a Frelimo, perseguem e matam a Renamo e apostam na política do “tudo ou nada”. Preocupa-nos a criminalidade organizada que de forma alarmante capturou o Estado moçambicano”.

A violência da qual o MDM não escapa

Na óptica de Lutero Simango, chefe da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o país está em guerra e em chamas. “Vivemos num ambiente em que o Estado tende a auto demitir-se das suas responsabilidades, colocando-nos a mercê dos que controlam as armas e impõem as suas vontades (...)”.

Segundo ele, a violência contra os partidos políticos da oposição continua uma ameaça séria às liberdades políticas. O MDM sofre com o silêncio cúmplice das autoridades administrativas, judiciais e de protecção pública. “Este silêncio e esta apatia em nada contribuem para os valores do Estado de Direito e tratamento igual. Os Homens não são medidos pela palma da mão”.

Nos últimos dois meses, queixou-se o deputado, os membros da sua formação política, no distrito de Mabalane, província de Gaza, foram sequestrados, torturados e ameaçados a morte, para além de casas incendiadas em Manica.

No que à paz diz respeito, Lutero disse que o povo não pode continuar a ser brindado com discursos que não passam de meras intenções.

Fonte: @Averdade


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