“Segura na minha mão”, de Lala Gabriyel
A cantora Lala Gabriyel, vencedora da 2.ª edição do concurso Desafio Total da Stv, tem um novo vídeoclipe. Todavia, diferente do habitual, a notícia, desta vez, não é ela necessariamente. Por uma razão: “Segura na minha mão”, título do vídeo que estreou terça-feira, no You Tube, entra para história da arte moçambicana como primeiro vídeoclipe a ser filmado através de um telemóvel (iPhone 6s), de acordo com Ângelo Sitoe (A2Ndjando), o realizador.
Então, em vez da cantora, os holofotes focam-se nessa figura, uma sombra se não fosse a curiosidade que o traz a luz. Logo, há pergunta: por que gravar um vídeo usando celular? A2Ndjando, seu pseudónimo, não respondeu de imediato. Tossiu e gaguejou, como se apenas disso dependessem as respostas, as quais vieram acompanhadas de uma expressão facial de quem diz “estava mesmo à espera dessa pergunta”.
Neste contexto, A2Ndjando começou por explicar que durante as suas pesquisas se deu conta de que ninguém havia feito um vídeo completo através de um telemóvel. Houve quem recorreu a um shot por telemóvel para dar um efeito diferente a uma publicidade. Três segundos apenas. Ao saber disso, pensou: “Se é possível usar um shot, por que não fazer vídeo inteiro?”. Teve receio, porque poderia dar errado. Filmar e depois deitar fora o material. Armado em esperto, quando disso parece ter muito pouco, fez testes e viu que nem todos os ambientes eram propensos à filmagem por celular. Nisso, descobriu que em ambientes com muita luz a coisa funcionava. Nem mais, recorreu ao ar livre e no horário certo. O passo a seguir era escolher o local: praia da Macaneta, em Marracuene, Maputo, por ser bonita, tranquila e pouco explorada. Lá, depois de hora e meia de filmagem, apenas com um assistente de maquilhagem, outro de iluminação, a cantora e um modelo, numa espécie de jardim do Éden, o mundo não precisou de sete dias para estar completo. A arte aconteceu, surpreendendo Lala Gabriyel que, no princípio, rejeitou a ideia. Ninguém acreditou nele. A todos teve de convencer e provar que, com tão pouco, se pode fazer a diferença.
Chegados aqui, uma outra pergunta: por que escolher a música “Segura na minha mão” para aventura? Desta vez, A2Ndjando não gaguejou. Disse, como se mais alguém estivesse a ouvir: “aquela música tem um significado especial para mim”, sussurrou, quase perdendo a perspicácia de explicar que ele e a sua “Eva perfeita” sentiram-se identificados com o som, ainda a ser gravado no estúdio. E A2Ndjando acreditou que pode mexer com mais casais, sobretudo em vídeo, com três minutos e trinta e nove segundos.
Com esta iniciativa, A2Ndjando pretende mostrar que os realizadores têm mais uma opção para filmar nesta época em que as câmaras estão muito caras. “Em Moçambique não temos tantas câmaras para muitos cantores gravarem bons vídeos – embora tenhamos qualidade reconhecida a nível internacional. Usar um celular adequado é mais sugestivo e económico”.
A obra (des)conhecida
Ângelo Sitoe nasceu em Maputo, em Agosto de 1983. É rapper, lançou o CD “Esvaziando o baú”, via internet. É realizador e editor e, nessa qualidade, fez parte da equipa que produziu a 1.ª série de documentários sobre a capital do país – “Maputo a doropa”, produto da Stv, onde trabalha – e produziu o vídeo de homenagem a Paulina Chiziane, pelos 25 anos de carreira e 60 de idade. Foi supervisor geral do CD “O que vem de mim”, de Lala Gabryel. Além de “Segura na minha mão”, realizou outros vídeos: “Desabafo de um recluso” e “Longa espera”, Dama do Bling; “Stop tráfico”, Lizha James; “Hoje dói”, Nelson Nhachungue; “Quem é essa mulher”, Valdemiro José e Matias Damásio; “Phandar”, Liloca; “Meu povo chora” e “Khoma”, Ubakka; “Homem da minha vida”, “Anita Macuácua; “Teu sorriso”, Júlia Duarte; “És tão linda”, Trio Fam; “De mim cuido eu”, Eurídice Jeque; “Nikarate”, Banda Kakana; “Vou cuidar de ti”, Richard Suleiman” e “Kill bill”, Paulo Flores.
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