quarta-feira, 24 de agosto de 2016

ABERTURA OFICIAL DO IX FESTIVAL NACIONAL NA BEIRA E DONDO: CELEBRAR A CULTURA SOB SIGNO DA PAZ E DESENVOLVIMENTO



O PAÍS vai parar hoje para testemunhar a abertura da fase final da IX edição do Festival Nacional da Cultura que decorre até domingo, nas cidades da Beira e Dondo, em Sofala.

A abertura do evento que junta cerca de 2600 pessoas, entre artistas e convidados nacionais e estrangeiros, será dirigida pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi, e terá lugar no Campo do Ferroviário da Beira.

As actividades começam com o desfile das delegações provinciais, seguido de orações religiosas, depois a apresentação do bailado Aruângua em homenagem à cidade da Beira, os discursos de ocasião e por fim a entoação do hino do festival.

O hino da IX edição do Festival Nacional da Cultura, a qual decorre sob o lema: “Celebrando a Diversidade Cultural, Pela Consolidação da Paz e Desenvolvimento”, é da autoria do escritor Mia Couto e a canção foi produzida pelo artista Jorge Mamade, oriundo da província de Sofala.

Depois destas acções, no período da tarde haverá a inauguração das feiras de artesanato, escultura e de gastronomia no átrio dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e na Casa dos Bicos, respectivamente. Por fim, haverá a sessão de gala que contará com a actuação de diversas bandas e músicos nacionais, alguns dos quais radicados no estrangeiro, como são os casos de Casimiro Nhusi e Gimo Remane.

Até a tarde de ontem todas as delegações provinciais e convidados nacionais, e alguns estrangeiros já se encontravam na Beira, onde foi feito o último ensaio do bailado Aruângua, na presença de todos os participantes.

A última inspecção efectuada ontem revelou que os locais seleccionados para acolher o evento, nas duas cidades, já estão em condições, não obstante terem ficado por concluir pequenos detalhes em alguns locais, como é o caso da Casa dos Bicos, na Beira.

Assim, os shows de dança e música tradicional terão lugar em campos instalados nos bairros da Munhava e Chingussura-Manga, na capital provincial, e no Espaço das Mangueiras, no município do Dondo.

O teatro, a poesia, humor e canto coral serão vistos na Casa Provincial de Cultura e no Auditório do Conselho Municipal, na Beira, bem como no Dondo.

O desfile de moda vai decorrer no Centro Cultural Universitário da Beira e na Sala de Conferências do Conselho Municipal do Dondo. Haverá ainda sessões de cinema, palestras, feira e lançamentos de livros e discos no Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema (INAC), nas casas do Artista e de Cultura e no Município do Dondo.

“ARUÂNGUA” HOMENAGEIA BEIRA

O bailado Aruângua, sob a coordenação de Cândida Mata e da Coreógrafa Maria Luísa Mugalela, tem a duração de trinta minutos e com a participação de 1470 bailarinos locais, é uma homenagem à cidade da Beira, pela sua história secular.

A coordenadora explica que a temática e o conteúdo histórico do bailado retratam a vida das comunidades locais antes e durante a colonização, bem como a luta de libertação nacional até Independência Nacional, em 1975.

“No bailado, os artistas e demais participantes representam através do teatro, danças e cânticos o retrato da história de Moçambique e da cidade da Beira em particular, por isso esta será uma homenagem que o festival presta a esta região”, revela Mata.

O bailado será apresentado por 1470 pessoas, entre crianças, adolescentes e jovens estudantes, artistas, associações culturais da Beira que passaram por um ensaio de mais de 90 dias.

Este bailado foi preparado enquanto decorriam as fases de apuramento nos Postos Administrativos, decorrida em Abril e Maio; Distrital (Maio e Junho), e a fase Provincial, que teve lugar durante o mês de Junho.

TIMBILA E NYAU EM DESTAQUE

Para além das várias manifestações culturais de todo o país, a presente edição do Festival nacional da Cultura vai destacar duas expressões declaradas Património da Humanidade, nomeadamente a Timbila e o Nyau.

Djalma Lourenço, director do Gabinete Central de preparação do IX FNC, explicou que a ideia é demonstrar que não obstante estas manifestações culturais serem de regiões específicas do país, elas são dignas de respeito por parte de todos os moçambicanos.

“Porque a timbila, da etnia chopi, em Zavala, província de Inhambane, e o nyau, dança chewa, de Tete, são Património Cultural da Humanidade, proclamados pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o Ministério da Cultura e Turismo pretende promover estas expressões culturais na magna montra das artes e cultura nacionais”, reiterou Lourenço.

Acrescentou que não apenas a Timbila e o Nyau merecerão destaque, como todas as manifestações culturais que representam a moçambicanidade serão dignas de realce, porém, estas duas primeiras por serem reconhecidas internacionalmente.

Afirmou ainda que a ideia é tornar todas as manifestações culturais nacionais conhecidas a nível internacional, mas isso passa por assumir que elas se divulgam melhor associadas a Timbila e ao Nyau.

AS PROVÍNCIAS

No geral, o IX Festival Nacional da Cultura vai juntar pouco mais de 800 artistas nacionais que vão apresentar, nos cinco dias, as diversas manifestações culturais de cada uma das onze províncias do país.

Cabo Delgado com 75 artistas, por exemplo, traz o mítico Mapiko como seu trunfo principal, mas vai se apresentar noutras sessões. A província do Niassa traz o Nyau como seu prato forte e os Massukos na área musical. Por fim, Nampula, na região norte, pretende destacar-se com o seu Tufo, popularizado na Ilha de Moçambique.

Da região centro do país a província da Zambézia espera destacar-se com os seus cobiçados pratos como Mukapata e frango à zambeziana. Tete vai trazer o Nyau, Património da Humanidade. Os artistas de Manica levam diversas manifestações culturais inspiradas pela Cabeça de Velho e as pinturas rupestres de Xinhamapere, Sofala, como província anfitriã, apresenta Utsé e outras manifestações culturais.

No sul, Inhambane leva Timbila, Património da Humanidade, enquanto Gaza tem Xingomana e Xigubo. Maputo Cidade traz a contagiante Marrabenta e, por fim, a província de Maputo conta com Makwaela e Xikwakwakwa e o Xigubo da Bela-Vista.

O festival encerra no próximo domingo, numa cerimónia a ser dirigida pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, segundo informações da organização do evento.

FESTIVAL  DEMONSTRA CAPACIDADE DE UNIÃO

O Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, garantiu que foram criadas todas as condições para que a cerimónia de abertura do festival e todas as sessões posteriores decorram da melhor maneira, o que vai revelar a capacidade de união dos moçambicanos.

Dunduro, que falava depois de assistir o último ensaio da cerimónia de abertura do IX FNC, reiterou que está tudo a postos, que todas as delegações, convidados nacionais e estrangeiros já se encontram na capital provincial de Sofala.

“Com excepção de alguns embaixadores que prometeram que chegam hoje, todos os nossos convidados nacionais estrangeiros já cá estão (na Beira). Vimos os últimos ensaios e acreditamos que tudo vai correr tal como está previsto”, disse Dunduro.

Lamentou o facto de a situação político-militar ter impedido que os artistas, em particular, e os demais membros das delegações tivessem a oportunidade de viajar via terrestre e conhecer melhor o país.


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